O Sonho Inacabado
Nos dias de hoje, em muitos hospitais, ainda se conta a história de uma paciente estranha. Ela já havia falecido há anos, mas mesmo assim, todos os funcionários do hospital se imobilizaram com a história da menina. Eles diziam que ela era jovem, bonita, miúda e ruiva, com os olhos lúcidos. Mas que a paciente passava a maior parte do tempo dormindo. Diziam também que ela chegava a dormir por dias, semanas... Os familiares da menina raramente apareciam no hospital, e quando apareciam, na maioria das vezes ela dormia. Preocupado com a ausência de familiares e com a pouca idade da garota, o gerente do hospital pediu que uma enfermeira ficasse com a criança e a atendesse sempre que necessário. Os funcionários desse hospital dizem que poucos dias depois que a enfermeira esteve com a criança, quase entrou em depressão. A moça dizia que a criança falava e gritava enquanto dormia. Que gemia de dor e desconforto. Nenhum remédio amenizava aquela dor tão profunda da criança. O gerente do hospital não acreditou na história da enfermeira nos primeiros dias, mas quando ele mesmo viu e ouviu os gritos e a aparência da menina, logo percebeu que o que se passava com ela era sério. Até, que, muitos dias depois, a garota acordou. A enfermeira correu para conversar com a menina, e é aí que todos os enfermeiros, cirurgiões, pediatras, cardiologistas, enfim.. Todos os funcionários se emocionaram. A menina disse que estava tendo um sonho terrível, e que não conseguia sair dele. Todos aquelas pessoas riram no hospital com a bobagem da criança, e logo voltaram aos seus afazeres. A única pessoa que acreditou na garota foi à enfermeira. A criança chorava e pedia para não dormir e já cambaleava de sono. A enfermeira não sabia se ajudava a criança a se manter lúcida para não sofrer, ou se dava um remédio para que ela pudesse dormir e descansar como era recomendado para pessoas da idade dela. Por fim, quando a enfermeira se decidiu, disse que estaria do lado da criança, e que se ela desse um grito, que a acordaria. A moça leu um livrinho infantil, e falou: "Durma bem, meu anjinho." Logo a criança adormeceu. A enfermeira conta que nessa noite a criança não gritou, e dizia coisas como "Muito Obrigada" e "Você está realmente protegida, minha senhora?" Então, a menina acordou de madrugada, sob os olhos da enfermeira que ainda estava lá, como havia prometido. Então, ela falou: "Não se preocupe, minha senhora, amanhã tudo o que está acontecendo comigo acabará, e então eu realmente adormecerei como você e outros tanto querem." No outro dia, a criança amanheceu morta. Era quase impossível acreditar que uma menina pudesse falecer cercada por tantos que podiam protegê-la, mas assim foi. A única coisa que se sabe sobre a família da menina, foi que os seus parentes se mudaram, e não foram buscar o corpo. Então, a enfermeira pegou o corpo e fez, acompanhada apenas por alguns parentes e colegas de trabalho, o velório da garota. Agora, o inacreditável: Uma moça linda, ruiva, semelhante à menina foi ao velório. A enfermeira tinha certeza que não conhecia a moça, então, quando ela se aproximou, a moça falou: "Eu disse que dormiria bem, minha senhora." A enfermeira desmaiou, se aposentou, e se mudou com a família. Depois disso, ninguém mais teve notícias da enfermeira, até que, em outra cidade, a menina ruiva foi ao velório da única enfermeira que acreditou nela, e, assim que a enfermeira foi enterrada, a menina ruiva foi ler o mesmo livro infantil que conheceu no hospital. Dizem que até hoje ela repete esse livro no túmulo da enfermeira, e diz sempre a mesma frase quando termina o livro: "Durma bem, minha senhora".
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